Comecei a assistir um Dorama Coreano essa semana para me
distrair e de alguma forma ele caiu como uma luva para mim,
para me ajudar a entender o momento que estou passando.
Na semana passada para cá pensei muito sobre
o que a minha psicóloga disse e percebi que ela estava certa.
Falou coisas que eu já sabia, mas teimava em me fazer de
desentendida, insistindo em uma hora vestir o personagem da vítima e
hora o da indiferença (fingindo que está tudo bem e que já superei
o término). Na verdade, percebi que eu nem ao menos
vivenciei o luto do termino de relacionamento, já que
estava em período de prova finais da faculdade e sentia
que se fosse viver o luto, não teria forças para
me dedicar às provas e trabalhos. Deixei para vivenciar
esses sentimentos depois, a partir de janeiro.
E quando me vi "livre" para esmiuçar o que aconteceu
e o que sentia, me senti sobrecarregada e tentei
fingir que já havia superado e não precisava
pensar mais nisso. Surtei e briguei com todos a
minha volta, me tornei insuportável até para mim mesma,
na ânsia e no desespero de tentar afogar,
extinguir esses sentimentos contraditórios que me
consumiam dia e noite.
Como se tudo o que represei por meses fosse expulso
de uma vez só, uma verdadeira torrente de frustração,
amargura, sentimento de fracasso pessoal
e profissional jorrasse do meu peito, misturando
tudo e me fizesse queimar de dentro para fora.
A psicóloga me disse que um pouco poderia ser a
"crise dos 30 anos".
Creio que sim, pois passei a me sentir velha
e desgastada pelo tempo, como se o desespero por casar
no papel, ostentar uma aliança de ouro no dedo,
ter filhos, conquistar a casa própria e carro,
além de uma carreira como Programadora Front-End,
fossem as únicas coisas na vida que me fariam me
sentir realizada. Principalmente um filho.
Quis subitamente tanto ter um que pensei que deveria
entrar em um relacionamento hétero e tentar
engravidar e, caso o relacionamento não desse
certo, tudo bem! Ao menos teria um filho
e não me importaria em cria-lo sozinha.
Sei que esse é um pensamento egoísta e
não me orgulho nem um pouco disso. São aqueles
pensamentos inconscientes que se formam e se fixam
de forma sorrateira e quando percebemos, já
se enraizou em nós. Apenas percebi esse pensamento
quando assisti um vídeo no canal da Luiza Vono
no Youtube, foi assim que a ficha caiu.
O irônico é que percorri o caminho inverso durante a pandemia,
fiz o possível para viver o mais alinhada com as minhas
verdades e me dedicar ao caminho espiritual,
me desvinculando de desejos materialistas.
E quando saí do meu "casulo" de não-convivência com as
demais pessoas, me vi pouco a pouco,
para o meu completo desespero, me tornar
mais e mais ligada às coisas da matéria.
Ligada ao desejo desenfreado de ter e consumir,
não impedi que pouco a pouco me consumia e me perdia
do caminho de casa, do meu verdadeiro eu,
pois nós somos a nossa própria casa.
Percebo que a culpa não é de ninguém, nem minha
e nem dele, as coisas só aconteceram e fizemos o melhor
que podíamos com o que sabíamos na época.
E o que isso tem a ver com o Dorama?!
Na verdade, tudo!
Porque no Dorama, entre outros dois casais,
havia um casal em que o moço se sentia inseguro sobre
si e sobre poder um dia realizar o desejo da
namorada de se casarem.
Elas era alegre e sonhadora no início do relacionamento,
mas pouco a pouco ela pareceu perder o "brilho" pessoal,
suas metas de vida eram várias e
ele se sentia sobrecarregado e pequeno perto dela.
Não se sentia capaz de fazê-la feliz e, de uma
certa forma egoísta, ele conduzia o relacionamento
sutilmente para satisfazer os seus desejos e ia,
de certa forma, deixando os dela para depois.
Por 7 anos eles namoraram e ela só queria casar, enquanto
ele adiava a decisão o máximo possível.
Em certa parte do Dorama, ele resolve
terminar o relacionamento, pois percebe que seu
comportamento atrapalhava o crescimento dela.
Ele no fundo era inseguro e se culpava por ela não conquistar
os objetivos de vida dela. Ele terminou como uma
forma de deixar de ser um obstáculo
entre ela e suas metas de vida.
Não vi ainda o final do Dorama, mas até
onde vi, eles estão tentando superar o término,
cada um à sua maneira.
No meu caso, ouvi exatamente as mesmas
palavras que a mocinha ouviu no Dorama e pude,
mesmo que sendo óbvio esse tempo todo,
perceber os reais motivos do termino do meu relacionamento.
Finalmente estou me permitindo viver o
luto de termino e tirar proveito de tudo o que aprendi
nesse um ano e meio de convivência entre nós dois.
O que posso dizer é que eu agradeço por aprender
a ser mais humilde e, entre outras coisas, a pedir desculpas
sinceras quando eu erro.
Sempre tive muita dificuldade de reconhecer
quando estava errada e mesmo quando
reconhecia para mim mesma que errei,
não queria me desculpar.
Depois do término do relacionamento com a Luciane,
percebi que por mais que eu quisesse,
não conseguia pedir desculpas.
Era um ego enrijecido que não conseguia de
forma alguma se curvar a pedir desculpas,
tentar reparar uma falta.
Mas graças a ela e a esse último relacionamento,
consegui finalmente reconhecer quase
que imediatamente a falta, mesmo que seja
me desculpar com as minhas gatas
por ocasionalmente pisar sem querer no rabinho delas.
Creio que esse seja o caminho para me tornar uma pessoa melhor.
😃