domingo, 28 de janeiro de 2024

Me Tornando Uma Pessoa Melhor

  



Comecei a assistir um Dorama Coreano essa semana para me 

distrair e de alguma forma ele caiu como uma luva para mim, 

para me ajudar a entender o momento que estou passando. 

Na semana passada para cá pensei muito sobre

o que a minha psicóloga disse e percebi que ela estava certa. 


Falou coisas que eu já sabia, mas teimava em me fazer de 

desentendida, insistindo em uma hora vestir o personagem da vítima e 

hora o da indiferença (fingindo que está tudo bem e que já superei 

o término). Na verdade, percebi que eu nem ao menos

vivenciei o luto do termino de relacionamento, já que 

estava em período de prova finais da faculdade e sentia 

que se fosse viver o luto, não teria forças para 

me dedicar às provas e trabalhos. Deixei para vivenciar

esses sentimentos depois, a partir de janeiro.


E quando me vi "livre" para esmiuçar o que aconteceu 

e o que sentia, me senti sobrecarregada e tentei 

fingir que já havia superado e não precisava

pensar mais nisso. Surtei e briguei com todos a 

minha volta, me tornei insuportável até para mim mesma, 

na ânsia e no desespero de tentar afogar,

extinguir esses sentimentos contraditórios que me 

consumiam dia e noite.


Como se tudo o que represei por meses fosse expulso 

de uma vez só, uma verdadeira torrente de frustração, 

amargura, sentimento de fracasso pessoal

e profissional jorrasse do meu peito, misturando

 tudo e me fizesse queimar de dentro para fora. 

A psicóloga me disse que um pouco poderia ser a 

"crise dos 30 anos"

Creio que sim, pois passei a me sentir velha

 e desgastada pelo tempo, como se o desespero por casar

 no papel, ostentar uma aliança de ouro no dedo,

ter filhos, conquistar a casa própria e carro, 

além de uma carreira como Programadora Front-End, 

fossem as únicas coisas na vida que me fariam me

sentir realizada. Principalmente um filho. 


Quis subitamente tanto ter um que pensei que deveria 

entrar em um relacionamento hétero e tentar

engravidar e, caso o relacionamento não desse 

certo, tudo bem! Ao menos teria um filho 

e não me importaria em cria-lo sozinha.


Sei que esse é um pensamento egoísta e

não me orgulho nem um pouco disso. São aqueles

pensamentos inconscientes que se formam e se fixam

de forma sorrateira e quando percebemos, já

se enraizou em nós. Apenas percebi esse pensamento

quando assisti um vídeo no canal da Luiza Vono

no Youtube, foi assim que a ficha caiu.


O irônico é que percorri o caminho inverso durante a pandemia, 

fiz o possível para viver o mais alinhada com as minhas 

verdades e me dedicar ao caminho espiritual, 

me desvinculando de desejos materialistas. 

E quando saí do meu "casulo" de não-convivência com as 

demais pessoas, me vi pouco a pouco,

para o meu completo desespero, me tornar 

mais e mais ligada às coisas da matéria. 

Ligada ao desejo desenfreado de ter e consumir, 

não impedi que pouco a pouco me consumia e me perdia 

do caminho de casa, do meu verdadeiro eu, 

pois nós somos a nossa própria casa.


Percebo que a culpa não é de ninguém, nem minha 

e nem dele, as coisas só aconteceram e fizemos o melhor 

que podíamos com o que sabíamos na época.

E o que isso tem a ver com o Dorama?! 

Na verdade, tudo! 


Porque no Dorama, entre outros dois casais, 

havia um casal em que o moço se sentia inseguro sobre

si e sobre poder um dia realizar o desejo da 

namorada de se casarem.

Elas era alegre e sonhadora no início do relacionamento, 

mas pouco a pouco ela pareceu perder o "brilho" pessoal, 

suas metas de vida eram várias e

ele se sentia sobrecarregado e pequeno perto dela. 

Não se sentia capaz de fazê-la feliz e, de uma 

certa forma egoísta, ele conduzia o relacionamento

sutilmente para satisfazer os seus desejos e ia, 

de certa forma, deixando os dela para depois. 


Por 7 anos eles namoraram e ela só queria casar, enquanto

ele adiava a decisão o máximo possível. 

Em certa parte do Dorama, ele resolve

terminar o relacionamento, pois percebe que seu 

comportamento atrapalhava o crescimento dela. 

Ele no fundo era inseguro e se culpava por ela não conquistar

os objetivos de vida dela. Ele terminou como uma 

forma de deixar de ser um obstáculo

entre ela e suas metas de vida. 

Não vi ainda o final do Dorama, mas até

onde vi, eles estão tentando superar o término, 

cada um à sua maneira.


No meu caso, ouvi exatamente as mesmas 

palavras que a mocinha ouviu no Dorama e pude, 

mesmo que sendo óbvio esse tempo todo, 

perceber os reais motivos do termino do meu relacionamento. 

Finalmente estou me permitindo viver o

luto de termino e tirar proveito de tudo o que aprendi 

nesse um ano e meio de convivência entre nós dois.


O que posso dizer é que eu agradeço por aprender 

a ser mais humilde e, entre outras coisas, a pedir desculpas 

sinceras quando eu erro. 

Sempre tive muita dificuldade de reconhecer 

quando estava errada e mesmo quando

reconhecia para mim mesma que errei, 

não queria me desculpar. 


Depois do término do relacionamento com a Luciane, 

percebi que por mais que eu quisesse,

não conseguia pedir desculpas. 

Era um ego enrijecido que não conseguia de

forma alguma se curvar a pedir desculpas, 

tentar reparar uma falta. 


Mas graças a ela e a esse último relacionamento, 

consegui finalmente reconhecer quase

que imediatamente a falta, mesmo que seja 

me desculpar com as minhas gatas

por ocasionalmente pisar sem querer no rabinho delas.

Creio que esse seja o caminho para me tornar uma pessoa melhor. 

😃